Do latim "Ecclesiasticus liber", o nome Eclesiástico quer dizer “livro da igreja” ou “livro da assembleia”. Foi escrito por volta de 190-180 a.C. por Jesus ben Sirac. Sua tradução para o grego é atribuída ao neto de Jesus ben Sirac e data de 132 a.C. Ele integra os Livros Sapienciais da Bíblia Católica e é também um livro deuterocanônico, pois não está presente no cânon judaico.
No início do século II a.C., os gregos procuravam impor aos judeus a sua cultura, religião e costumes. Isto ameaçava destruir a identidade cultural e religiosa dos judeus, pois entre eles havia uma corrente disposta a “unir-se” à cultura helênica. Esta corrente almejava adaptar o judaísmo a uma “civilização mais universal”.
Ora, uma vez que a cultura helênica tinha como características, entre outras, o culto do homem e a glorificação das forças da natureza, outra corrente de judeus, tendo por finalidade preservar a identidade e salvaguardar a fé e a vocação de Israel, se opôs à imposição da cultura helênica.
Foi neste cenário que Jesus ben Sirac escreveu o Eclesiástico, a fim de mostrar que o povo judeu possuía sua própria identidade.
No Capítulo 1, o Autor nos fala de onde vem a sabedoria, nos mostra a sua raiz e qual o seu primeiro fruto. Ele também nos revela o que é a sabedoria suprema.
A sabedoria vem de Deus (1,1) e Ele a revela para todo o mundo. Porém, só podemos começar a compreender o sentido do universo e da história se nos comprometemos com Deus (1, 8).
E como nos comprometemos com Deus? Através do “temor”, que quer dizer “viver conforme as regras e ensinamentos de Deus”. Portanto, o “temor” (respeito) é a raiz da Sabedoria (1, 18) e se tememos a Deus (ou seja, se vivemos conforme os seus ensinamentos) possuímos coração alegre, contentamento, vida longa e alcançaremos o Reino dos Céus no dia da morte (1, 9-11).
Após nos mostrar de onde vem a sabedoria e que o temor é a sua raiz, o Autor do Eclesiástico nos ensina que a paciência é o primeiro fruto da sabedoria (1, 19-21). Aquele que é paciente sabe resistir às intempéries da vida, segue sempre o caminho dos ensinamentos de Deus e alcança a Salvação, concedida por Ele (1, 20).
A partir do verso 22 até o verso 29, o Autor revela que a sabedoria suprema que Deus dá ao seu povo é a Lei. Não a lei dos homens, mas refere-se à Torá dos Judeus. Por isso, temos que a Bíblia é um livro de inspiração Divina e contem as normas fundamentais para seguir o caminho da justiça.
Irmãos, oremos para que a sabedoria de Deus encontre raízes profundas em nossas vidas, a fim de que sejamos obedientes a Ele e procedamos sempre conforme sua justiça, agindo diariamente com humildade, mansidão, paciência, respeitando o nosso próximo.