Neste capítulo Lucas nos narra duas parábolas sobre a administração dos bens e nos exorta a refletir sobre o uso do dinheiro, advertindo: “Não se pode servir a Deus e ao Dinheiro”(13b).
PARÁBOLA DO ADMINISTRADOR – trata-se de um administrador desonesto de um rico abastado que estava esbanjando os bens do patrão. Comprovado seu comportamento seria demitido. Como homem de negócios, identifica algumas alternativas, dentre elas, tornar os devedores do patrão devedores seus. Recurso desonesto e elogiado pelo patrão. Por que? Santo Agostinho diz que ele foi elogiado não por sua conduta, mas porque foi prevenido em relação ao futuro, a fim de que se envergonhe o cristão que não tenha essa determinação. Louvou-lhe o empenho, a astúcia e a capacidade de sobrepor-se a uma situação difícil e resolvê-la, sem deixar-se levar pelo desânimo. Mas Jesus acrescenta com tristeza: “Os filhos deste mundo são mais espertos em seus negócios que os filhos da luz”(8b)
Também nós um dia teremos de prestar contas dos bens postos a nossa disposição (2). Nós somos administradores dos bens confiados a nós por Deus. Os talentos que enterramos por preguiça, falta de tempo, medo, insegurança, nos serão cobrados. Dedicamos tanto empenho em multiplicar nosso patrimônio, em galgar escalas sociais, em status, que muitas vezes esquecemos da família, da comunidade, de Deus. A Ele damos as sobras, pois não há tempo a perder... somos homens do mundo, homens de negócios.
PARÁBOLA DO RICO EPULÃO E LÁZARO – esta parábola tem uma parte realista e uma parte metafórica. Ela nos coloca na oposição entre riqueza e pobreza. Identifica um rico pecador e um pobre que supõe ser justo. Jesus aqui quer chamar atenção para as situações em que nos encontramos, muitas vezes cômoda, insensível ao sofrimento alheio. O pecado consiste em entregar-se à boa vida sem preocupar-se com os irmãos. A riqueza honesta não é má e nem condenável, bem como a pobreza não é garantia de salvação. Mas há situações de poder e prazer que nos cegam e fecham a nós a porta do céu, por isso Jesus chama os ricos de infelizes (24-26). Assim como eventos de doença e perdas nos fazem refletir sobre o verdadeiro sentido da vida. Que se possa ser rico e ter um coração pobre, humilde, desapegado e solidário.
Façamos um apurado exame de consciência, identificando o lugar que o dinheiro ocupa em nossas vidas, o tempo que nos consome e a destinação que damos a ele. Se com ele propagamos injustiças ou promovemos a igualdade social.
O Senhor nos dê sabedoria para que se realize em nossas vidas a Promessa: “Quem é fiel nas pequenas coisas será fiel também nas grandes” (10).