Chegamos ao coração da Bíblia. Os capítulos e ao 20 do livro do Êxodo são essenciais para compreensão de toda a história do povo de Deus. Deste capítulo 3 destacamos:
a) A experiência de Moisés ao “encontrar-se” com Deus na sarça ardente (ah! Quantos são os católicos que freqüentam as missas dominicais, por “obrigação” ou condicionamento, mas ainda não tiveram seu encontro pessoal com Deus!... Daí, como é grande a nossa responsabilidade de evangelizar, de propiciar ocasiões que levem todos a esse encontro efetivo com Jesus! Por outro lado, como é grande a nossa alegria em constatar a dedicação de nossa Paróquia na busca desse objetivo!)
Moisés teve uma experiência pessoal de contato com Deus porque estava sedento, precisava de algo mais profundo, que preenchesse seu vazio interior...
b) Deus “abre seu coração para Moisés”: “Eu vi a opressão de meu povo no Egito, ouvi o grito de aflição diante dos opressores e tomei conhecimento de seus sofrimentos. Desci para libertá-los...” (Ex 3, 7-8 a). Aqui está o versículo que devíamos decorar, cravar na porta da geladeira, na cabeceira de nossa cama. Deus é um Deus que vê, que ouve, que conhece e que liberta. Não é um Deus distante, não é um Deus opressivo e castigador. É um Deus que sabe de nossas limitações, nossas carências, nossas fraquezas, que conhece a opressão que sofremos da mídia e da cultura capitalista e desumanizada que nos impõe valores discordantes do Evangelho. É um Deus que nos dá forças para enfrentar as “pragas do Egito”, as adversidades dos dias atuais... é um Deus que diz: “Vai!” (10). Eu envio você para enfrentar os poderes gananciosos, a política corrompida, as más influências dentro de sua família e nos ambientes de trabalho e lazer. Assim como Moisés teve que enfrentar o faraó para cumprir sua missão de libertador, assim nós, hoje, precisamos combater os sistemas opressores que querem fazer de nós meros robôs teleguiados.
É difícil! Sim, é difícil; para Moisés também foi, mas Deus garante a vitória. “Eu sou” (14) diz Deus a Moisés, quando este lhe pergunta seu nome. “Eu sou” porque nenhuma palavra é suficiente para conter Deus... é Ele, o onipotente, onipresente, onisciente, e mais, e mais... No Evangelho de João, Jesus vai complementar este Nome afirmando: Eu sou a ressurreição e a vida, Eu sou o Bom Pastor, Eu sou o pão vivo que desceu do céu, Eu sou a videira...
A experiência do Êxodo, da libertação do Egito, foi tão marcante para os israelitas que encontraremos na Bíblia, inúmeras vezes, citações sobre o ocorrido. Moisés prefigurou a pessoa de Jesus Cristo e sua intimidade com Deus, depois deste encontro na sarça ardente, foi tanta que assim afirma o autor bíblico: “O Senhor falava com Moisés face a face, como alguém que fala com seu amigo” (Ex 33, 11)
Que esta leitura seja também marcante para nós, tiremos as sandálias de nossos pés, despojemo-nos de nossa auto-suficiência, de nosso orgulho e, humildemente, coloquemo-nos na frente do sacrário, em adoração e contemplação de nosso Deus.