O livro de Oséias, que em alguns trechos nos parece duro demais (como neste capítulo), é na sua profundidade um grande cântico do amor de Deus por seu povo, apesar de infiel.
O profeta procura alertá-los sobre as conseqüências de seu distanciamento de Deus: não terão mais alimento (2) e não habitarão mais na terra do Senhor (3). “Chegaram os dias de castigo! Chegou a hora de acertar contas” (7) Comparando o povo com as uvas do deserto e os pássaros que fogem, Oséias trata da questão da descendência de Israel, lembrando que as filhas eram levadas à prostituição sagrada ou tornavam-se concubinas dos membros da corte e da família real e os filhos chamados para servir ao exército e ao palácio. Para que ter filhos e filhas, então? No ardor de seu coração, diante desta terrível realidade, o profeta pede ao Senhor: “Dá-lhes (às mães) ventres murchos e peitos secos!” (14) Ou seja, que as crianças não sobrevivam...
Como os líderes deste povo não se corrigiram, Deus permitiu que eles fossem expulsos de sua terra e por muitos anos vivessem no exílio.
Os séculos passaram-se, mas a esperança do Senhor não esmorece apesar de continuar a infidelidade de seu povo; ainda hoje, além do afastamento de Deus e da frieza de tantos corações vemos o prosseguimento de atos bárbaros praticados contra a juventude como o tráfico de meninas e crianças e o assédio aos jovens para a conquista de “clientes” para as drogas e o desvario sexual. Urge pois, que o ardor do coração de Oséias se reproduza em nossos corações para que não descuidemos da educação religiosa de nossos filhos e o repasse de valores éticos e morais porque Deus persiste em seu infinito amor e “renova todas as coisas” (Ap 21, 5) para aqueles que desejam a Sua presença e convívio.